Portas digitais interativas no metrô de São Paulo: inofensivas ou invasivas

No último dia 18, a ViaQuatro, concessionária que cuida da Linha 4 – Amarela do metrô paulistano, lançou um recurso inovador nas plataformas do transporte público brasileiro. São portas interativas que, segundo a empresa, têm o objetivo de “auxiliar na comunicação” com os passageiros. As estações Luz, Paulista e Pinheiros receberam quatro dessas portas que funcionarão durante todo o período de operação da linha buscando compreender o grau de interação dos usuários do metrô com os anúncios e informações transmitidas ali.

As mensagens que serão exibidas nessas portas são estratégicas e fazem parte de um plano de comunicação da ViaQuatro aliada a seus parceiros publicitários. Vão de mensagens de orientação sobre o uso dos trens a conteúdo informativo e também anúncios publicitários.

A questão polêmica que marca a novidade da empresa que mantém esta linha do metrô é que estas portas têm sensores capazes de analisar e monitorar o comportamento dos passageiros a fim de, além de verificar a frequência diária destes nas estações, segmentar as campanhas publicitárias. E vai ainda mais além: as portas possuem câmeras com reconhecimento facial e, de acordo com a própria nota da concessionária, “a tela tem uma tecnologia que é capaz de fazer um estudo das emoções esboçadas pelo passageiro, percebendo em suas expressões faciais as reações em relação à mensagem transmitida”.

Em uma primeira impressão, isso pode ser visto como uma tentativa inofensiva das marcas interagirem com os usuários. No entanto, existe a questão da privacidade: com que autorização dos passageiros estas imagens serão usadas? Os dados coletados serão cruzados com outros dados? Novamente, com que autorização?

Em nenhum momento, a nota da ViaQuatro esclarece essas questões, o que faz levantar diversos outros questionamentos, por exemplo, se o usuário poderá ter acesso a essas informações ou se elas serão descartadas posteriormente ao uso.

Em um momento em que vivemos questionando nossa segurança dentro da rede que acessamos de nossos computadores e celulares (vide caso do Facebook e da Cambridge Analytica, já amplamente levantado aqui no blog do Grano) e que surgem campanhas como a #deleteFacebook, as redes respondem ao usuário com explicações, providências e soluções para a proteção das informações online. Mas como é que isso funciona em uma situação em que câmeras captam imagens do seu rosto e enviam para bancos de dados a fim de destinar uma publicidade específica para você sem o seu consentimento? Ninguém clicou em nenhum botão permitindo tal ato.

Por ora, sem esclarecimentos, só podemos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

Mas, e você? O que acha disso? Conte para nós nos comentários!

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