O Google anunciou, na manhã da última terça-feira (20), que fará um investimento de US$ 300 milhões em projetos para apoiar as mídias jornalísticas tradicionais. O setor, que vem, nos últimos anos, enfrentando uma crise que fez despencar o número de assinaturas, ao lado de um duro momento em que a credibilidade das notícias é posta em dúvidas pela disseminação constante de fake news, contará com o apoio do Google em uma série de medidas para tentar reconquistar assinantes e conquistar novos leitores.
Como reconhecimento de que, nos últimos anos a empresa se apropriou de boa parte da receita dos veículos jornalísticos que vinham da publicidade, desestabilizando, assim, o setor, o Google pretende justamente “se redimir”, dando, agora este apoio às mídias. Têm, também, como um dos objetivos, a tentativa de reduzir o volume de circulação de notícias falsas na rede, proporcionando que o usuário tenha mais acesso às mídias nas quais já têm confiança.
A iniciativa visa conectar automaticamente o leitor às publicações de seus jornais favoritos, sem a necessidade de preencher formulários com dados, inclusive de cartão de crédito, em apenas dois cliques. A assinatura será feita a partir da conta no Google Play, cobrada no cartão de crédito vinculado à mesma.
No Brasil, algumas empresas jornalísticas já começaram a testar a ferramenta e em breve suas páginas contarão com o botão “assine com Google”, que aparecerá no paywall dos portais, tornando mais rápido e prático o processo de fazer a assinatura.
Ao assinar, o leitor começará a receber notificações sempre que houver novas postagens do veículo escolhido, e o conteúdo destes também aparecerá com maior destaque nas páginas de pesquisa do Google. Do valor das assinaturas, a maior porcentagem irá para o bolso dos veículos. A empresa afirmou que sua principal intenção não é obter lucros com o projeto, mas também não anunciou como será feita a divisão dos recursos obtidos.
Apesar de a novidade representar uma esperança de recuperação para as mídias tradicionais, o que se torna questionável é até que ponto este novo recurso será positivo para a democratização das informações e o equilíbrio na formação dos discursos e para as discussões.
Ou seja, por mais pontos positivos que a iniciativa do Google possa aparentar ter, será que não será mais uma forma de nos fechar em bolhas onde circula somente aquilo que preferimos ler e acreditar? Quer dizer: a segmentação da informação cria mundos distintos em um mesmo espaço e ao mesmo tempo.
Um exemplo disso é o experimento mencionado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em entrevista a David Letterman: em meio à Praça Tahir, o epicentro da Primavera Árabe, três egípcios foram convidados a abrir a página de pesquisa do Google. Um dos homens era conservador, o outro liberal e o terceiro, moderado. Os três digitaram a mesma coisa na pesquisa: Egito. Para o primeiro, o principal resultado foi “Irmandade Muçulmana”, para o segundo, “Praça Tahir”, e, para o terceiro, “Locais de férias no Nilo”.
Isso tudo para mostrar que a tendência é que, conforme as pessoas consomem notícias que contemplem suas posições políticas ou a respeito de qualquer outra coisa (esportes, cultura etc), mais estas informações serão segmentadas e mais ficaremos centrados cada um em seu mundo. Segundo Obama, esta é uma das principais razões para que o a política e o pensamento político estejam cada vez mais polarizados. Para ele, é necessário pensar muito até que se chegue a uma solução.
Então, fica a dúvida: seria esta a solução ou a iniciativa do Google só agravaria o problema dessas bolhas?
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